
CALÍOPE
( às portas do teu cárcere )
eu preciso dizer
que, depois de ontem, refleti
sobre o nosso estranho romance;
que, depois de ontem, pensei em nós
e nesses imensos nós
em nosso enlace.
apesar da escuridão da noite,
passei em branco,
sentado à beira do teu cárcere,
em profundo desencanto
à espera tua lira.
você não veio,
e em estado de vigília,
restou-me como esteio
tua não poesia.
ah, musa!
por que não me abraçou
com tua brisa?
ah musa!
aqui estou,
excusa.
14.10.2022
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“As Musas Urânia e Calíope”, 1634, de Simon Vouet.
Galeria Nacional de Arte, Washington D.C