Fernanda Noal, poemas
Até pra mim
Escrevo como quem tenta acordar de um pesadelo
Como quem tenta fugir de uma condenação
Escrevo como quem liberta um segredo
Como quem não se encontra em nenhuma definição
Escrevo como quem busca silêncio no grito
Como quem encara o abismo
E sobrevive ao irresistível impulso de cair
Escrevo porque sou um aglomerado de palavras
Ditas, escritas, contidas, trocadas
Indecifráveis até pra mim
Minhas Lágrimas Doeram
Minhas lágrimas doeram,
Escorreram pelo meu rosto,
inúteis como os planos que abandonei
Lágrimas ardidas molharam meus lábios secos,
Como os sonhos que não reguei
Contornaram meu queixo e empoçaram no pescoço,
sujas como os arrependimentos do que não arrisquei
Chorei sentimentos tolos,
transbordei frustrações e deixei que delírios me definissem
Como as lágrimas que desejei que secassem,
Como os desejos que deixei que partissem.
O frio que escorre por essas linhas
Anoitece e o frio do meu coração se propaga para o mundo
O vento gelado acaricia de orvalho
As penas das corujas nos galhos
Similares à minha alma congelada
Os ruídos da noite cortam a madrugada
Como cortam ao meio os sonhos
Dos desajustados sonhadores
O frio que escorre por essas linhas
Nessa loucura que insiste em virar poesia
Racha meus lábios e assombra meu pranto
Enquanto ouso deitar nesse inverno
Antes mesmo de chegar o outono.
Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017.
Escreve quinzenalmente às quartas-feiras em O Partisano na seção Flauta Vertebrada. Instagram: @efe.noal

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