Místicos e profanos, poemas
Intenção
no poema
há uma intenção,
nem sempre do poeta
do verso,
mas daquele que versou
o universo.
a poesia, essa religião,
quando acerta,
é oração.
Pólens
tua flor
arreganhou-se
toda em amor.
o odor
do acasalamento
exalou sem pudor
pelos pólens
que o vento
derrubou.
profanei
teu doce néctar,
gozei.
Manancial
a água da colina
desce pura.
nem tudo que toca
é ternura.
nem tudo que nela cai
a deixa impura.
Sorte
não é sorte, é Deus —
dizem os mais crentes.
mas, e os outros,
os que não são poucos,
mas que não têm sorte,
nem são ateus,
mas não são brindados
com o olhar desse tal
Deus dos que dizem
não ser sorte.
Nada
nada
no teu olhar
nada
no teu mar
nada
se não te amar
nada
se não apagar
nada
simplesmente
nada
simples
nada
mente
nada
( poemas para o livro "Místicos e Profanos", meu caderno de verão. )
