Mesmo sem querer
Ando sem vontade de escrever.
Não ousaria me atrever pelas linhas
que não consigo compreender,
pelos caminhos, pelas entrelinhas
e pelos contextos do meu viver.
Ando amanhecendo sem inspiração,
querendo me aninhar no silêncio
que brota da minha vontade de solidão
e que age como solene prenúncio
de dias de profunda escuridão.
Ainda assim, sem vontade, escrevo.
Escrevo, pois nas linhas me realizo,
no texto escrito um contexto eu descrevo,
uma mortalidade qualquer eu imortalizo
para meu próprio estado de enlevo.
Meus afetos no papel são descritos
e tornam-se da minha alma registros,
da minha memória são transcritos
e no meu coração inscritos.
Vivo para escrever meus lamentos,
explicitar ao mundo meus sentimentos,
para que sirvam como breves acalentos
daqueles que amargam sofrimentos.
Por isso, mesmo sem querer,
escrevo para os que precisam ler,
que querem a vida compreender
ou simplesmente se entreter.
G.Mgz