
para Sérgio Vaz
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para Sérgio Vaz
tuas palavras, poeta, são navalhas
que cortam na carne, um corte profundo.
do sangue que jorra, um perfume exala
fazendo evidentes as tantas falhas
desse nosso estranho mundo.
das tuas flores cultivadas nas frestas abertas
nos muros sem reboco dos barracos do morro,
vou colecionando pedras e algumas descobertas
nesse imenso e bizarro mato sem cachorro
que, para muitos, ainda é senzala.
felizmente, poeta, há a poesia que grita
suas rimas duras e seus versos profundos
e as consciências da periferia agita
mostrando que há tantos mundos
que dignidade não fez escala.
siga rimando, poeta, fazendo verso,
mostrando que nos rincões da civilização
ainda há resquícios desse mundo perverso
que esqueceu que a fome é uma sensação
que nem o melhor poema repara.
( por Giovani Miguez )

Poeta Sérgio Vaz, criador da Cooperifa - Divulgação