
Três poemas de André Xavier
─
parei de rasgar vazios
com os dentes
encontrei a chave nostálgica
para a saída
eu a guardo no bolo
e só retiro
se for para abrir imensidões
─
assino o verbo existir
com o próprio corpo
e que se leia de fora para dentro
que de dentro para fora
ele ainda está sendo escrito
─
melhorei a relação com os insetos
com o pó
com o tapete e com o sol
até a vasilha antiga no fundo do armário
ganhou novos ares de higiene
o tato ficou mais delicado
a voz guardou problemas antigos e familiares
o livro que não foi lido
ganhou nova desculpa sobre a mesa
ajeitei até o pensamento
e não esqueci que do varal
se tem vista para o longe ainda mais longe
a consciência fez rupturas sem temer o novo
e já não se engana:
o genocídio é machista classista e racial
os olhos aprenderam a ver melhor
agora demoram um pouco mais
sobre a imagem
e o gesto mais justo
é a vida querendo a vida
─
André Xavier, 40 anos. É poeta, boêmio, boleiro, professor, pesquisador e umbandista. Educou-se nas encruzilhadas da vida se virando entre as frestas do cotidiano. Mora no verbo Ser e não sai de lá sem trazer poesia entre os dentes. Sua estreia acontece no livro Pandeiros, pandemônios e pandemias: quatro cavaleiros do apocalipse, 2021. 156 pág. Editora Selin Trovoar.

Foto: Divulgação
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